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quinta-feira, 3 de junho de 2010

Democracia no Brasil?

Pense com calma: – pelo fato de no Brasil o cidadão “poder” votar compulsoriamente para eleger deputado, senador, prefeito, governador e presidente, você acha que isso preconiza a soberania popular e faz do Brasil uma democracia?

Da minha parte, sinceramente não sei que nome dar à forma de organização política que prevalece no Brasil, mas sei que democracia não é. A despeito da compreensão intelectual do assunto, já vivi em países explicitamente democratas para saber a diferença. Hoje resido permanente num deles. Na Bélgica. (os âncoras da TV Globo diriam “em Bélgica”)

Quando morava em São Paulo e escutava que o Brasil se tornara uma democracia, inúmeras vezes tentei demonstrar por A+B que ainda estava bem longe disso. 


Não precisei muito tempo para dar-me conta que falava a ouvidos moucos. A TV Globo e suas alegorias altissonantes eram mais profícuas... e o raciocino dos brasileiros, agreste. Só de pensar fico arrepiado.

Pouco importa o lado do cristal por onde se olhe, a organização social brasileira sequer se assemelha a uma democracia. A começar pelo voto que é obrigatório, (passível de punição se não justificado), e a terminar nos jornais e blogs censurados pela justiça. 


Não devemos nos esquecer do autoritarismo regionalizado nos redutos petistas, da autocracia Sarney nos Estados do Maranhão e Amapá, dos despotismos em Mossoró/RN, Juazeiro/CE, Parnaíba/PI e de feudos exclusivos como Recife, Natal, João Pessoa ou Curitiba dominados por famílias.

Se me lembrar dos blogs políticos que censuram qualquer comentário que não lhes agrade ou contrarie a manipulação a que se propõem, o assunto renderá um bom par de meias.

Numa democracia plena, em exercício, não existe autoritarismo, nem autocracia, nem censura de espécie alguma; nem juizes se atrevem a cercear qualquer forma de expressão verbal ou escrita. 


No Brasil, entretanto, autoritarismo, autocracia e censura brotam e florescem por todos os lados e poros; em cada calçada de rua, no cruzar com um transeunte; na porta de entrada da agência bancária; na recepção de um hospital público; no balcão de uma delegacia de polícia; na fila do cinema; até no setor de reclamações de um supermercado... Inclusive, pasmem, é praticada a diário por aqueles que se dizem contra a censura e bradam a favor da democracia.

Estranha ironia... Absoluta hipocrisia... Tremendos caras-de-pau!

Por agora vou deixar os nomes de lado.

De igual modo, os princípios que regem a vida político-partidária no Brasil não comportam e nem aceitam um sistema competitivo-honesto e diferenciado de partidos como ocorre nos países europeus onde prevalece a democracia. Ao mesmo tempo, o povo brasileiro não tem princípios éticos nem morais suficientes para levá-lo a viver numa igualdade de direitos, nem capacidade para exigir esses direitos.

Democracia significa essencialmente direitos iguais e práticas que se revelem úteis e verdadeiras aos interesses dos cidadãos. 


Em outras palavras, viver na verdade. 


Mas viver na verdade requer uma atitude moral... Se o povo não a tem, é incapaz de exigi-la e elege políticos amorais o resultado jamais poderá produzir democracia.

Conseqüentemente, digam o que disserem, democracia como é entendida no resto do mundo civilizado é algo inexistente no Brasil.

No entanto, a maioria dos brasileiros, por mais que se lhes explique os parágrafos acima, evitando até detalhes que possam cansar-lhes os neurônios, permanecem firmes na falácia de viverem num sistema de soberania popular...

Infelizmente não têm a menor idéia do que significa soberania popular, mas o Lula foi eleito... para “atender aos interesses populares”. Que ironia!

Lá na roça onde fui criado há um ditado que diz: “se o corno gosta de desfilar com a galhada há que incentivá-lo encoxando mais a esposa”. 


Assim são os brasileiros em relação à democracia. 


Tal como o chifrudo, orgulham-se da bela figura que têm do lado, sem se importarem com os biscates extra-conjugais dela.


Os brasileiros enxergam na democracia apenas a beleza do conceito sem se aterem às contradições políticas abissais que os cercam, ao absolutista que colocaram no planalto e à corrupção profunda que os obriga a pagar os impostos mais altos do mundo.

O que se pode esperar de cegos vivendo vidas incultas? Bem disse aquele general que os brasileiros eram que nem carneiros; bastava saber pastoreá-los.

Assim tem sido graças à tática e metodologia de pastoreio iniciada no final da década de 50 do século passado, com ajuda da Central de Inteligência Norte-Americana [CIA] e aperfeiçoadas ao longo de quarenta e cinco anos pelas Organizações Globo.

Os brasileiros encheram-se de orgulho no “Petróleo é nosso”; repudiaram o parlamentarismo; confirmaram o presidencialismo; apoiaram o Golpe de Estado de 64; aceitaram o azarado e Zé-ninguém do Tiradentes como herói máximo nacional; criaram um fascínio pelos EUA e Paris tornou-se a Meca do bom gosto e das férias sonhadas... Embora, até hoje, não saibam distinguir socialismo de comunismo, presidencialismo de parlamentarismo e ditadura para eles seja somente um governo comandado por militares que seqüestram, torturam e matam os pobres defensores da liberdade...

Defensores geralmente de ideologia comunista ou petista, (de araque eu os via e não me enganei). 


O que mais gostava neles eram os gritos por liberdade e o fascínio que demonstravam por Cuba e pela União Soviética, países estes onde o sistema político, por eles tão admirado, restringia precisamente qualquer forma de liberdade, fosse de expressão ou do simples ir e vir.

Com o passar dos anos, para a opinião nacional brasileira, socialismo e comunismo tornaram-se “coisa” do demo e não se tocava mais no assunto. 


Democracia era o sonho a concretizar. 


Concomitante e paradoxalmente passaram a criticar os Estados Unidos como o grande inimigo da América Latina, mas almejavam ir morar em Miami ou em New York; copiavam-lhes, (e com a Internet mais copiam), as músicas, as roupas, as táticas empresariais, o American way of life e o emaranhado de lojas e restaurantes brasileiros exibem orgulhosos - até hoje - os nomes e promoções em inglês... apesar da maioria da população mal saber falar português corretamente.

No nascer a nova Constituição, em 1988, a mentira passou a ser autorizada legalmente... e a base da chamada "democracia" foi ferida de morte logo na maternidade. 


Pouco importaram os arremedos democráticos que ilustraram o governo de Fernando Collor e se sustentaram nos oito anos de FHC. Com o domínio do lulo-petismo a paródia da democracia deixou de existir. Acho que perdeu a graça...

Como acreditar que existe democracia no Brasil se entre os legítimos representantes não permeia a verdade? 


Como esses homens, que não estão habituados a pensar, nem a estudar e muitos deles mal sabem ler, podem se empenhar num diálogo democrático se não dizem a verdade? Ou, se o que dizem são apenas palavras saídas das suas próprias ambições?

Como acreditar que no Brasil existe democracia se o povo, por ter optado pelo presidencialismo, coloca num só homem o poder absoluto, esquecendo-se que o poder absoluto corrompe? 


Ao colocarem o poder na mão de um homem, permitem a esse homem corromper o poder... Exatamente como faz o Lula. E o faz muito bem feito, lixando-se até para as leis, Código Penal inclusive, sem pudor ou escrúpulos... e na maior das impunidades.

Nessa coisa confusa que no Brasil chamam “democracia” há homens que são mais iguais que outros... e numa democracia de fato ninguém está acima da Lei... mas no Brasil há um monte de criaturas muito acima dela...

De maneira geral, os brasileiros não compreendem que o Estado é uma criação do homem. Ignoram que é o homem em si, com os seus defeitos e ganâncias, quem corrompe o poder; não o inverso como acreditam. 


Não é o homem uma criação do Estado, embora para os brasileiros pareça exatamente isso; haja visto a dependência que procuram ter do Estado e o quanto este os incentiva a se tornarem dependentes com programas assistencialistas de bolsa para isto e para aquilo, sem se preocupar em criar meios e mecanismos que eliminem esse arrimo; o qual, diga-se, gera uma produção incalculável de votos para o partido que está no poder. 


Tampouco é o Estado que dá boca para difamar, ouvidos para a intriga e mãos para roubar... Conquanto que, no entendimento popular, seja precisamente isso que ocorre, pois crêeem que o indivíduo ao assumir um cargo público não tem outro remédio senão entrar no sistema; isto é, enredar-se, difamar e locupletar-se.

Essa compreensão distorcida de Estado servil versus servidor, - servidor de quem e para quem, - explica, em parte, o grande sucesso e fraudes que recebem os concursos públicos... Os batalhões de candidatos a cargos eletivos... O abrir e fechar da torneira do governo liberando dinheiro para emendas parlamentares destinadas à construção de pontes que ligam o nada a lugar nenhum... Os Planos de Aceleração do Crescimento, velozes apenas nas linhas do papel onde são explicitados... E até a briga entre os candidatos à presidência para ver quem acusa mais o outro de querer eliminar o "Bolsa não sei quê" ou quem promete criar mais uma nova "Bolsa de não sei para quê".

Os brasileiros ainda estão muito longe de alcançarem o portal do entendimento que os leve a viver em democracia. Nem conseguem separar o público do privado. E no tocante à escolha dos governantes a maioria vota de orelhada, sendo que o voto de cabresto, enfiado até ao pescoço, é o mais comum.

Numa realidade como esta não há como afirmar que o Brasil seja um país democrático; nem que caminhe nesse rumo.

E há ainda mais. 


Como acreditar que existe democracia no Brasil se a imprensa em geral, e a maioria esmagadora dos jornalistas em particular, obedecem à batuta dos anunciantes, especialmente à do governo, e chafurdam ou são atraídos por este ou aquele interesse venal que lhes permite engordar as contas bancárias, manter os filhos em colégios privados e, vez por outra, publicarem um livro que ninguém lê ou viajarem a Paris? (eles escrevem á Paris).

Num sistema democrático, antes mesmo do povo, os jornalistas precisariam imperiosamente, negar-se a participar das mentiras cotidianas. Mas isso não acontece nem de um lado nem do outro... Principalmente do jornalismo, o que anula qualquer imputação democrática que se queira atribuir à organização político-social brasileira.

O que no Brasil chamam de "democracia" é na verdade uma ave de rapina envolta em disfarces epiglóticos ou farsas em torno do partido presidencialista do momento que os brasileiros nem percebem, pois votam de maneira personalista, baseados na simpatia ou beleza do candidato, e não na sua ideologia, experiência, bandeira ou programa partidário.

Também não cobram nada se o escolhido é eleito; nem comportamento, lisura ou projetos.

Portanto, o mais atinado seria classificar o sistema político-social dos brasileiros como um presidencialismo absolutista fechado, cercado de elitismo abstruso, repleto de autoritarismo corrupto... cujo significado prático de todos estes “ismos” eles tampouco conhecem, mas sentem em cada dia de suas vidas, especialmente nos bolsos furados de tanto rascar e nada encontrar.


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